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O que são taxas de juro negativas e como é que elas afetam os depósitos das empresas?

Em 2023, enquanto o Banco Central Europeu aumenta as suas taxas de juro diretoras, as taxas de juro negativas podem parecer uma realidade distante. Mas ainda há pouco tempo as taxas estavam perfeitamente normais. Aprende tudo sobre o que são as taxas de juro negativas e como o teu negócio pode evitar perder dinheiro, se os tempos de taxas de juro negativas regressarem.

Ella-Roosa Koivupuroop
taxas de juro negativas

O que são as taxas de juro negativas?

Vamos começar pelas noções básicas dos empréstimos. Quando contrais um empréstimo, tornas-te devedor e pagas juros ao credor. Vamos supor que o teu negócio precisa de um empréstimo para efetuar uma compra grande. Para além do dinheiro emprestado, o teu negócio vai pagar juros. Podes considerar os juros como o preço do empréstimo.

Mas, quando as taxas de juro são negativas, este princípio é invertido.

Os bancos pagam frequentemente juros pelo dinheiro depositado nas suas contas. Pois, quando depositas dinheiro na tua conta, estás na realidade a emprestá-lo ao teu banco. O dinheiro na tua conta vai acumular juros, pelo que ganhas um extra para além das tuas poupanças.

No entanto, não será este o caso quando as taxas de juro são negativas. Quando as taxas de juro são negativas, o banco não te vai pagar juros. Pelo contrário, poderás ter de pagar ao banco pelo armazenamento do teu dinheiro.

O que é o NIRP?

NIRP significa Negative Interest Rate Policy, em português traduz-se para Política de Taxas de Juro Negativas. É uma das ferramentas financeiras de um pacote do banco central. Quando um banco central fixa a sua taxa de juro diretora abaixo de zero, está a aplicar o NIRP. 

Como funciona o NIRP?

Quando um banco central baixa a sua taxa de juro diretora abaixo de zero, significa que uma instituição financeira, como por exemplo um banco comercial, que queira depositar fundos no banco central, tem agora de lhe pagar juros. Embora existam outras opções para armazenar capital, depositar dinheiro no banco central continua a ser a solução mais segura e conveniente para as instituições financeiras. 

O NIRP pode parecer um esquema lucrativo de fazer dinheiro para o banco central, mas não é essa a questão. Com taxas de juro negativas, o banco central quer encorajar a concessão e a contração de empréstimos, despesas e investimentos e, desta forma, impulsionar a economia. Normalmente, vemos o NIRP durante uma recessão e tempos economicamente difíceis.

Depois da crise financeira de 2008, muitos bancos centrais instauraram o NIRP para garantir que o dinheiro circulava na economia e que não ficava parado nas contas bancárias.

As taxas de juro negativas transitam para os depósitos das empresas?

Quando um banco central baixa a sua taxa de juro, isto repercute-se nos bancos locais. 

Eventualmente, em teoria, indivíduos e empresas pagariam juros aos seus bancos por manterem o dinheiro nas suas contas privadas ou comerciais. No entanto, de acordo com o artigo de 2020 no Boletim Económico do BCE, os bancos comerciais estão relutantes em cobrar juros negativos aos seus clientes privados, no entanto gostariam de poder cobrar juros negativos a grandes empresas que procuram os bancos portugueses para terem maior liquidez.

Na impossibilidade de legalmente poderem cobrar taxas de juro negativas, os bancos portugueses procuraram alternativas que compensassem os juros negativos. Uma dessas alternativas foi a cobrança adicional de comissões a outros bancos, seguradoras e fundos.

O NIRP internacionalmente e em Portugal

A política de taxas de juro negativas é uma medida monetária drástica. Após a crise financeira de 2008, muitos bancos centrais na Europa implementaram o NIRP num esforço para estimular a economia. E não foi apenas na Europa. O banco central japonês também baixou as taxas de juro. Em muitas partes do mundo, mesmo que as taxas não tenham sido negativas, caíram para zero ou perto disso. 

Durante muito tempo, o Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas de juro baixas. De 2014 a 2022, a taxa de juro da facilidade permanente de depósito do BCE era negativa. 

O nível de taxas do BCE reflete-se no mercado português, pois o Banco de Portugal segue as taxas de juro diretoras do BCE.  

Atualmente, em 2023, as taxas de juro subiram para valores positivos, à medida que o BCE tenta controlar a inflação. Podes encontrar aqui as taxas de juro diretoras do Banco Central Europeu.

Qual é a taxa de juro em Portugal em 2023? 

Portugal faz parte da União Europeia e da zona euro e, consequentemente, segue as taxas de juro diretoras do BCE.

O Banco de Portugal aumentou as taxas sobre os novos de empréstimos e depósitos (novas operações) a particulares. Em fevereiro de 2023, a taxa de juro de empréstimos a particulares era de 4,74%, sofrendo um drástico aumento, face ao período homólogo de 2022 de 2,63%. Já no caso dos depósitos de particulares com prazo acordado, até 1 ano, a taxa em fevereiro de 2023 era de 0,56%, contrastando com os 0,04% de fevereiro de 2022. 

Prós e contras: quem beneficia de taxas de juro negativas e quem perde? 

Quando as taxas de juro são negativas, geralmente significa que os juros dos empréstimos também são baixos. As taxas de juro negativas beneficiam os mutuários, pois mantêm o custo dos empréstimos a um valor baixo. 

Por outro lado, são prejudiciais para indivíduos e empresas que mantêm grandes somas de dinheiro nas suas contas bancárias.

Teme-se que as taxas de juro negativas possam prejudicar a rentabilidade dos bancos. Os bancos não estão dispostos (ou não podem, devido a entraves legislativos) a passar a taxa de juro negativa aos seus clientes, mas ainda assim têm de pagar juros negativos ao banco central.

Uma empresa pode ter de pagar juros negativos por um saldo de apenas 1 €?

Até há pouco tempo, as taxas de juro negativas eram bastante normais. Não significava necessariamente que um banco cobraria juros sobre os depósitos, mas ao contrário dos anos anteriores, também não pagariam juros sobre o dinheiro depositado. 

Não sendo possível em Portugal cobrar diretamente taxas de juro negativas aos clientes empresariais ou privados, foram criadas comissões de manutenção de contas tituladas por clientes institucionais.

De acordo com o artigo do BCE anteriormente mencionado, era "um fenómeno relativamente generalizado" que as taxas de juro negativas eram aplicadas aos depósitos das empresas em alguns países europeus. O artigo de 2022 do Deutsche Bundesbank sugeria que até cerca de 50% dos depósitos de empresas alemãs remuneravam juros negativos. O número era mais elevado do que a média europeia. 

Na Alemanha, em 2021, também os limites para cobrar juros negativos estavam a descer. Antes, os juros negativos eram normalmente cobrados apenas a partir de depósitos superiores a 250 000 euros. Contudo, muitos bancos alemães tinham baixado o limite para 25 000 euros ou até menos. Com alguns bancos, foram mesmo cobrados juros negativos desde o primeiro euro. 

Estes são os efeitos que as taxas de juro negativas podem ter no teu negócio

Embora as taxas de juro na Europa estejam agora acima de zero, não podemos prever o futuro. 

Se as taxas de juro se tornarem negativas e se armazenares grandes somas de dinheiro na tua conta comercial, o teu negócio acaba com menos capital simplesmente por o manteres na conta. Há que ter também em consideração as taxas e comissões habituais de gestão de conta.

Como calcular uma taxa de juro negativa

Na Alemanha, pode-se facilmente calcular quanto dinheiro uma empresa pode perder, se exceder o limite do seu banco para cobrar juros negativos.

💡 Exemplo 

Vamos supor que uma empresa alemã tem um saldo de conta de 100 000 euros. O banco desta empresa cobra 0,5% de juros negativos. Os custos mensais podem ser calculados da seguinte maneira:

(100 000 x 0,005) / 360 x 30 = 41,67

De acordo com estas contas, a empresa iria perder 41,67 euros num mês e ficaria apenas com 99 958,33 euros dos 100 000 euros originais.

Como evitar perder dinheiro com juros negativos

Em primeiro lugar, em 2023, esta cenário não se deve tornar realidade. O mundo é imprevisível, mas neste momento a taxa de juro na Europa é mais alta do que tem sido em mais de 10 anos.

Mas, de um modo geral, quando as taxas de juro descem abaixo de zero, não tens de simplesmente aceitar a perda de dinheiro. Há maneiras de evitar o custo dos juros negativos.

Procura um banco diferente

Primeiro, podes procurar um banco que não cobre juros negativos, ou, no caso de Portugal, que não cobre comissões. Mesmo nos países onde é permitido cobrar taxas de juro negativas e as taxas de juro estavam a um mínimo histórico, muitos bancos não cobraram juros aos seus clientes empresariais.

Experimenta uma conta no mercado monetário

Também podes transferir as tuas reservas para uma conta no mercado monetário. É uma conta que, normalmente, paga juros mais elevados do que uma conta corrente ou poupança. Quando as taxas de juro são baixas, também não há retornos elevados a serem feitos numa conta do mercado monetário. Mas também não há lugar a pagamento de juros negativos. 

Uma conta no mercado monetário não deve ser uma solução permanente para grandes quantias. Quando as taxas de juro são baixas, o teu depósito irá diminuir gradualmente devido à inflação. Assim, é melhor distribuir montantes maiores entre vários bancos ou investir parte do dinheiro.

Mantém o teu dinheiro em movimento com cartões de crédito empresariais da Pliant

Outra forma de evitar, ou pelo menos reduzir, os juros negativos é utilizar cartões de crédito corporativos da Pliant.

Com um cartão de crédito corporativo, podes fazer pagamentos rapidamente, em vez de fazeres compras por conta com um longo prazo de pagamento. E com um cartão de crédito da Pliant, podes escolher se queres pagar a conta do teu cartão de crédito mensalmente, semanalmente ou mesmo diariamente.

Assim, poupas dinheiro através de pagamentos mais rápidos, o que reduz o capital na tua conta e, consequentemente, os juros negativos a serem pagos. Além disto, podes receber até 1% de cashback das tuas transações. Desta forma, poupas duas vezes. Sais sempre a ganhar. 

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Ella-Roosa Koivupuro
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